sexta-feira, 31 de julho de 2009

"Voto não tem preço, tem conseqüências"






. “Voto não tem preço, tem conseqüências.”Ana Elisa Trajano, 17 anos, estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRGN), integrante do Comitê 9.840 de Natal, criou no Orkut, a comunidade "Voto não tem preço". Cidade Nova conversou com ela sobre essa iniciativa que já conta com a adesão de dezenas de jovens e que está se demonstrando um excelente instrumento de conscientização política.
Cidade Nova: Por que o seu interesse por política?
Ana Elisa Trajano: Há muito tempo, participo do Movimento Juvenil pela Unidade (setor de adolescentes do Movimento dos Focolares) e, recentemente, comecei a participar da Escola Civitas, que é uma iniciativa do Movimento Político pela Unidade (MPPU). São experiências que alimentam o meu desejo de construir um mundo mais unido.
Por isso, quando olho a sociedade em que vivo, vem-me o desejo de fazer algo para mudá-la. Acredito que todos têm uma contribuição a dar nesse sentido. E nós jovens somos os que, no futuro, estaremos ocupando as diversas funções existentes na sociedade, tanto profissionalmente, quanto politicamente. É preciso que desde agora nos interessemos por tudo o que acontece na sociedade e comecemos a construir o que queremos para esse futuro. Por isso, penso que não posso me tornar apática diante da realidade, e um dos meios que vejo para mudá-la é através do processo eleitoral. A minha contribuição pode parecer pequena, mas creio que é fundamental.
Como você vê a vida política do nosso país?
O que observamos no cenário político do nosso país é um quadro generalizado de corrupção. Verificamos também certa incompatibilidade entre o desejo da população e os compromissos daqueles que governam o país. Mas posso constatar pequenos sinais de mudança que dão a mim a esperança de uma sociedade mais justa.
Nesse sentido, quais são os principais obstáculos a serem superados?
Creio que a falta de conscientização das pessoas é um desses obstáculos. Essa carência leva as pessoas a não darem valor a coisas que são importantes, como é o caso do voto. A compra de voto é um exemplo: as pessoas só conseguem ver o benefício imediato, mas não conseguem perceber a conseqüência dos seus atos. Não percebem que os políticos, que enchem as páginas dos jornais com escândalos de corrupção, começaram a ser gerados por um ato aparentemente tão insignificante, ou seja, a compra e venda de voto.
Então, a ação pedagógica é a melhor forma para ajudar no processo de conscientização da população: a conversa com as pessoas, mostrando-lhes a forma como as coisas acontecem e o papel fundamental que todas desempenham na sociedade.
O que você esperava quando criou, no Orkut, a comunidade "Voto não tem preço"?
É algo recente. O principal objetivo é atingir os jovens. Lá são enumeradas as atividades desempenhadas pelos comitês 9.840 de Natal (RN) e de outras cidades do país, incluindo fotos, reportagens que saíram a respeito do comitê, datas dos acontecimentos. Formou-se uma rede de pessoas que vão passando essas informações para outras pessoas de suas redes.
E depois das eleições, você vai continuar esse trabalho de conscientização?
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que os Comitês 9.840 são expressões do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE. Esse movimento não é uma organização formal, mas uma rede de entidades representativas da sociedade civil.
São organizações que já vêm desenvolvendo atividades fiscalizadoras e propositivas. Em 2007, durante a discussão do Plano Diretor da cidade de Natal, surgiram denúncias de que vereadores teriam recebido pagamento de empreiteiras em troca da aprovação de determinadas questões que beneficiavam empresas da construção civil e imobiliárias. As organizações da sociedade civil têm-se mobilizado para acompanhar esse assunto. Recentemente, dia 11 de julho, data em que se completou um ano da denúncia, foi feita uma manifestação em frente à Câmara Municipal para não cair no esquecimento. Nós, enquanto Comitê 9.840, estivemos presentes participando desse ato.
Também estamos recolhendo assinaturas para um projeto de mudança da Lei Orgânica do Município, a fim de que, a partir de agora, qualquer pessoa a ser eleita como prefeito de Natal seja obrigada a elaborar e cumprir um programa de metas que apresente as prioridades, ações estratégicas para cada um dos setores da administração pública municipal, em particular nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, e que haja transparência na gestão dos recursos públicos, entre outros tópicos. (Entrevista á Revista “Cidade Nova”)

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